Um gajo nunca mais é a mesma coisa :: Teatro
Mais Informações:
CTA Almada Teatro Municipal Joaquim Benite
Local: Setúbal - Almada
DATA: de SEX 01-10-2021 a DOM 31-10-2021
Um gajo nunca mais é a mesma coisa
ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve e Companhia de Teatro de Almada
Texto e encenação de Rodrigo Francisco
A guerra colonial portuguesa – que decorreu entre 1961 e 1974 em Angola, Moçambique e na Guiné Bissau – é uma parte da História recente do País muito pouco abordada nas salas de aula das gerações nascidas após o 25 de Abril de 1974. E, apesar de ter marcado uma geração inteira, este conflito manteve-se até muito recentemente afastado dos palcos portugueses. No entanto, quiçá por via da proliferação dos estudos pós-coloniais surgidos nos meios universitários, esta guerra tem vindo a constituir o tema de alguns espectáculos de teatro documental surgidos nos últimos cinco anos. Vários criadores nascidos nas décadas de 70 e 80 têm-se confrontado com a participação de Portugal num conflito que, aos olhos de hoje, não pode deixar de parecer justo para os povos africanos que combatiam pela auto-determinação, e injusto para aqueles que lutavam pela manutenção de um império colonial anacrónico. Porém, quando se ouvem os testemunhos dos soldados que combateram, a realidade reveste-se de matizes que estão para além da dicotomia Bem/Mal com que frequentemente se encara esta guerra: poucas vezes se aborda o nosso passado recente tendo em conta o contexto geopolítico da época, assim como a realidade social do País. Um gajo nunca mais é a mesma coisa dá voz aos rapazes que foram mandados para África para combater outros rapazes, e que agora entram na fase derradeira das suas vidas. Apesar de se basear em relatos reais, é ficção. E, sendo ficção, poderá mais livremente interpelar a História – e contribuir para a compreensão de um tempo difícil de imaginar para aqueles que já nasceram em liberdade. (nota do dramaturgo e encenador)
Rodrigo Francisco, encenador e director artístico da Companhia de Teatro de Almada e do Festival de Almada, fez a sua formação teatral com Joaquim Benite, de quem foi assistente de encenação em peças de Molière, Saramago, Bernhard, Brecht, Shakespeare, O’Neill, Feydeau e também em óperas. Como dramaturgo, o texto de Um gajo nunca mais é a mesma coisa sucede a Quarto minguante (2007), Tuning (2010) e Fenda (2019).