O Cigano – fogão de farelo :: Exposições
Mais Informações:
Museu Etnográfico da Madeira
Local: Ilha da Madeira - Funchal
DATA: de TER 02-02-2021 a SAB 02-07-2022
Museu Etnográfico da Madeira acolhe, no átrio do museu, a nova exposição temporária, no âmbito do seu projeto semestral, “ACESSO ÀS COLEÇÕES EM RESERVA”: “O Cigano – fogão de farelo”.
Neste semestre, o museu recuperou e dá a conhecer, uma técnica secular de cozinhar os alimentos.
A lenha, utilizada para cozinhar os alimentos, embora abundante em algumas localidades foi, em tempos mais remotos, um bem escasso, devido à sua grande procura e utilização. Para obtê-la, era necessário percorrer longas distâncias nas serras e em lugares inacessíveis.
Foi então que surgiu o cigano, utilizado um pouco por toda a ilha, uma forma sábia de aproveitamento do farelo de madeira, proveniente da laboração das carpintarias e serragens.
Este material, de difícil combustão, tornava-se combustível, quando prensado dentro de uma pedra de tufo, construída para o efeito, ou, mais recentemente, dentro de um recipiente em folha de flandres, reutilizando-se as “latas de tinta”.
O farelo é introduzido e calcado na lata, com dois paus roliços, um encaixado na vertical, outro na horizontal, que depois são retirados, formando o tubo de combustão, onde é ateado o fogo.
Podemos comparar o cigano ao moderno fogão a gás, visto que a sua chama é constante e duradoura. Um cigano emite uma chama capaz de cozinhar durante 5 a 6 horas.
Desconhece-se a origem desta técnica, bem como da sua designação, embora esta última possa estar relacionada com o modo de vida da etnia cigana, o nomadismo, pois trata-se de um fogão de fácil transporte e montagem.
O desenvolvimento tecnológico e o aparecimento de novas formas de cozinhar, levou ao abandono da utilização do cigano.
No sítio da 1ª Lombada, freguesia da Ponta Delgada, concelho de São Vicente, algumas famílias utilizam o Cigano, esporadicamente, sobretudo em convívios, em que se cozinha para um grande número de pessoas, poupando-se, desta forma, no gasto de gás, nomeadamente no 1º de maio, na Serrada da Velha e na 1ª Oitava, no Natal.